Carta #05
Nas Janelas: 100 dias, 100 palavras
Getúlio Antero de Deus Júnior.
17 de julho de 2020.
Caro(a) Leitor(a):
No meu livro “Youchien: Eterna criança ou adulto irreformável”, publicado em 2020 por meio de selo editorial próprio (Dr. Jr.), eu escrevi:
“Getúlio Antero de Deus Júnior nasceu em primeiro de Setembro de 1973, às vinte horas, no Hospital Santa Helena na cidade de Goiânia, Estado de Goiás, filho do casal apaixonado Getúlio Antero de Deus e Aparecida Cândida Oliveira de Deus. Ele não conheceu sua mãe, pois ela morreu muito jovem no dia quinze de Março de 1977. Portanto, ele tinha apenas três anos, seis meses e quinze dias. Lembrança da mãe? Apenas “flashes” de uma pessoa no caixão e de uma “cisterna” (ou algo parecido) com muitas pessoas em volta na casa onde morava.”.
Expressões fortes, não é mesmo? Com certeza. Portanto, essa é minha lembrança da segunda casa de meus pais. Assim, eu não lembro da minha primeira casa. Já a minha “casa” atual, não é uma casa. Eu moro num apartamento. Pois é, a maioria de nós vivemos em grandes centros urbanos e “empilhados”. Não que eu possa reclamar, como eu escreverei mais à frente. Daí, veio a pandemia do coronavírus SARS-CoV-2, nome do “bichinho” que provoca a doença COVID-19. Se entregar? Entrar em depressão? Ficar maluco “trancado” de quarentena em “casa”? Fazendo o quê? Eu fiz muitas perguntas.
Para aqueles que me conhecem, talvez diriam: “Ele não vai consegui ficar quieto em casa.”. Talvez, pela minha inquietude inata. Imagine, uma criança de três anos, seis meses e quinze dias, andar por toda a casa. Afinal, o caixão estava na sala e a “cisterna” ficava no fundo da casa. Por outro lado, eu gostaria de dizer que eu estou conseguindo, muito embora isso não seja uma tarefa fácil nesses dias calamitosos, tempestuosos e difíceis, desde o Decreto nº 736, de 13 de março de 2020, publicado pela Prefeitura de Goiânia, e o Decreto nº 9.653, de 19 de abril de 2020, publicado pelo Governo de Goiás. Sair de “casa” nesse momento? Somente o necessário. E viva o #FiqueEmCasa. Viva? Como assim? Eu já explico.
Eu não estou querendo dizer que ficar “trancado em casa” é maravilhoso. Poucos como eu, tem o privilégio de ficar em “casa”, trabalhar em “casa’, se alimentar em “casa”, etc. Entretanto, para a maioria da das pessoas que vivem no nosso país e ao redor do mundo, mal tem um “cantinho” na suas “casas”. E muitos perderam suas rendas financeiras. Quanto tristeza! Assim sendo, é importante ressaltar que a expressão “viva” embutida na pergunta do parágrafo anterior, está relacionada com a capacidade de adaptação extraordinária do “Ser Humano”. E isso de fato, aconteceu comigo e com muitas pessoas mundo afora.
Eu não vou explicar o meu plano laboral de atividades remotas e o meu primeiro relatório de atividades realizadas com setenta e sete páginas relativo aos meses de abril e maio de 2020. Entretanto, o número de páginas do documento é um bom indicativo da minha inquietude em “casa”. Pois é, não fiquei parado em “casa”. Nem poderia. Eu morreria. E quando verificado mais de perto o referido documento, uma das ações descritas nele tem uma ligação muito forte com o tema dessa carta: o projeto “Nas janelas: 100 dias, 100 palavras”. Ficar parado apenas olhando o movimento passar das janelas da minha “casa”? Não. Eu recusei ficar parado. Como a minha arte poderia ajudar as pessoas refletir nesse momento tão singular da humanidade? Assim, eu publiquei no dia 27 de maio de 2020 a primeira ilustração no Twitter (https://twitter.com/gdeusjr) relativa ao projeto “Nas janelas: 100 dias, 100 palavras”:

O projeto “Nas janelas: 100 dias, 100 palavras” consiste na elaboração e na publicação de uma ilustração diária durante cem dias, a partir de uma palavra escrita em oito idiomas: Português; Inglês; Espanhol; Francês; Italiano; Grego; Chinês (mandarin tradicional); e Japonês. Até a presente data, foram publicadas cinquenta e duas ilustrações. Há uma mensagem codificada em seis ilustrações de cada semana, e que será revelada somente no final do projeto com a publicação de um novo livro em elaboração. Simplesmente, eu não conseguiria ficar parado aqui em “casa”. Não foi assim na primeira casa, ou melhor, na segunda casa. Risos.
Muito obrigado, meu(minha) caro(a) Leitor(a).
Getúlio Antero de Deus Júnior